domingo, 31 de julho de 2011

Linhagens, GAS,ALIANÇA,o começo de tudo

Tunel do Tempo - Planteis que Marcaram a Raça e Desapareceram


Quais eram os criatórios que se destacavam já naquela época? O que se falava do Jumento Pêga há 30, 40 anos atrás? Resolvi pesquisar um pouco sobre planteis que contribuiram para a raça chegar ao que ela é hoje, mas que infelizmente não existem mais. Tenho que dizer que não encontrei muita coisa. Caso alguém tenha mais informações, manda para gente, é importante fazer com que o passado seja conhecido e lembrado.



Aliança
No início da década de 30 já não se admitia na região do Nordeste mineiro, entre Joaíma e Pedra Azul, o cavalo trotador. Dentre os criadores de Mangalarga, um deles decidiu-se a criar com total dedicação o verdadeiro Marchador mineiro. Passando por Curvelo, Cerro de Minas, Belo Horizonte, Caxambu e Cruzília, o Cel. Lídio Araújo tratou de adquirir as melhores éguas que encontrava por seus caminhos. Comprava uma, duas, ou até mesmo a tropa inteira, caso a qualidade estivesse à altura do que desejava. Dezenas de eguadas dirigiram-se então para Joaíma, marchando por várias semanas até alcançarem a Fazenda Aliança (Joaíma, MG).



Iniciou-se a seleção de éguas na cabeceira de um plantel que já somava 1.200 matrizes. Deste total, algo como 1.100 fêmeas se dirigiram à formação de tropas de muares, ficando sob responsabilidade de cada capataz de retiro um lote de 50 éguas e um jumento Pêga. O intenso comércio de burros e mulas já alcançava o Pará, São Paulo, Goiás, Mato Grosso e, principalmente, a Bahia.



Porém, em 1953, veio a falecer o Cel. Lídio Araújo. Sucedeu-lhe sua viúva, Da Maria Oliveira Araújo que, com fibra e determinação, que com o auxilio de seu filho Eduardo Oliveira Araújo, não esmoreceu. Dona Maria Araújo destacou-se na direção da Associação Brasileira de Criadores de Jumentos da Raça Pêga, que já mantinha núcleos importantes de preservação e criação do jumento nacional e marchador.



Bonitão da Aliança, jumento de Dona Maria Araújo, foi um dos mais famosos jumentos da época.



Um reporter escreveu: “(...) As Fazendas Aliança e Duas Pedras, da viúva Lídio de Araújo e filhos, reúnem um dos maiores centros de criação do Brasil. Dedicando-se às raças eqüinas Mangalarga Mineiro, Árabe, Campolina e à asinina Pêga, a sua produção anual de burros sobe à média de 500, sendo, como se vê, talvez a mais volumosa do País. O seu rebanho de éguas se eleva à alta cifra de mil e trezentas cabeças (...)”



Campo Novo
Criatório de Jequitinhonha, Minas Gerais, pertencia ao Coronel Epaminondas Cunha Melo. Encantou o Brasil, pela criação do Jumento Pega e do Cavalo da raça Campolina, sendo medalhado campeão nacional com o jumento Comando do Campo Novo (foto).



Gas
Fazenda Palestina, Entre Rios de Minas (MG), de propriedade do Sr. Gastão Resende. Gastão Ribeiro de Oliveira Rezende, titular da linhagem Gas faleceu em 1974.



Um reporter escreveu: “(...) O Sr. Gastão Resende é presentemente o criador que dispõe da mais variada criação eqüina e asinina em Minas. Grande criador de Mangalarga Mineiro, de Campolina, e de jumentos da raça Pêga, apresenta, nos três setores, uma base genética de alto padrão, o que lhe garante uma posição vantajosa no conjunto pastoril de Minas. Participando da IIa Exposição Estadual de Belo Horizonte, em Julho último, conquistou preciosos troféus com a sua representação (...)”.



Foto: Gas Diadema



Fazenda Criação Cruzeiro de Mocó
Pertence ao Governo do Estado da Bahia, onde são feitas pesquisas sobre melhoramentos genéticos, entre outros. A Fazenda Mocó ainda existe e atualmente possui uma criação de jumentos pêga, ela entrou nessa lista de planteis que desapareceram pois algum tempo atrás, a Fazenda Mocó teve todo o seu antigo e famoso plantel vendido pelo governo do Estado da Bahia, e de acordo com o que as informações que temos, não sobrou nada. Hoje, a fazenda Mocó está reiniciando sua criação. Os animais descendentes da antiga seleção da fazenda mocó ainda são encontrados em alguns criatórios, principalmente na Bahia e São Paulo.



Passa Tempo
Em 1949 faleceu o Cel. Gabriel Augusto de Andrade. Bolívar de Andrade herdou a Fazenda Campo Grande, em Passa Tempo-MG, e todas as criações de equideos – Mangalarga Marchador, Campolina, Piquira e jumentos Pêga.



Um reporter escreveu: “(...) A Fazenda Campo Grande, dos Srs. Bolivar de Andrade e filhos, em Passa Tempo, é uma das organizações mais antigas do Estado, contando já com quatro gerações. É uma propriedade rural de múltiplas atividades, destacando-se, porém, a sua vida pastoril. São tradicionais os seus rebanhos eqüinos das raças Mangalarga Mineiro, Campolina, asininos da raça Pêga, búfalos da raça Jafarabadi e suínos da raça Piau. Na última Exposição Estadual de Belo Horizonte, em Julho p.p, com 21 eqüinos de sua representação, a Fazenda Campo Grande conquistou 3 campeonatos, 1 reservado campeão, 7 primeiros lugares, 4 segundos lugares, 1 terceiro lugar e 6 menções honrosas

HISTORIA DA RAÇA PEGA

Origens do Jumento Pêga
Segundo o Prof. Otávio Domingues, a presença de uma estirpe de asininos em uma região de Minas Gerais, constitui um fato que não pode causar estranheza a nenhum estudioso de tais assuntos. Os criadores mineiros demonstravam, por força das circunstâncias, aliada ao seu reconhecido conservadorismo, uma tendência para formação de raças locais, a tal ponto que podemos considerar esta característica como uma daquelas a distinguir o povo montanhês das demais populações brasileiras.

Sendo a produção de muares uma necessidade para a indústria da mineração, nos séculos XXIII e XIX; era natural que se estabelecesse, nos vales mineiros, uma criação de asininos para produção de muares.

Esses asininos seriam forçosamente de procedência IBÉRICA, pois naquela época o provimento das nossas necessidades, nesse terreno, teve ali sua origem mais pronta e natural.

Estudando-se os jumentos selecionados pelos criadores mineiros, não será difícil optar pela hipótese de que seu tronco étnico originário é o Equus Asinus Africanus, do qual muito se aproxima.






A raça Egípcia é aquela que se acha menos longe do Jumento Pêga (mineiro) e dois são os pontos de contato indiscutível:

1. A ocorrência da pelagem branca, frequente no Jumento Egípicio, e que nenhuma outra variedade de jumento apresenta, seja do E. Asinus Africanus ou do E. Asinus Europeus.

2. A presença de sinais como estrêla e extremidades brancas, encontradas no jumento Egípicio.

Assim, no Jumento Pêga deparamos com a presença da cor branca, seja na pelagem, seja sob a forma de sinal na fronte ou nos membros, constitui um ponto seguro a considerar no estudo da filiação da Raça Pêga.

Admitiu-se uma origem mesclada, visto não ser aceitável uma introdução exclusiva do tronco Africano. Houve introdução de reprodutores das raças Italiana, Andaluza e Egípicia. O JUMENTO PÊGA veio repontar a prevalecer as características do Equus Asinus africanus, dando-lhe, entretanto, feições distintas que permitiram constituir-se em Raça. De um modo geral, a população asinina brasileira é uma mescla dois dois tipos étnicos: Africanus – Europeus.

Assim o JUMENTO PÊGA representa a mescla fixada em Raça, e enobrecida pelas suas excepcionais qualidades. Conta-se em Lagoa Dourada que o rebanho inicial da Fazenda Engenho Grande, adquirido do Padre Torquato, era constituído de dois jumentos e algumas jumentas que, desde então, não deixou penetrar neste rebanho outro sangue.